Nos últimos anos de guerra fiscal, muita empresa decidiu onde montar sua fábrica ou centro de distribuição com base em uma lógica simples: onde o imposto é menor? Onde o governo “ajuda”?
O ICMS virou moeda de troca. Os estados competiam entre si oferecendo crédito presumido, redução de base de cálculo, isenção parcial — cada um com seu pacote de incentivos. Com isso, muitas empresas foram parar longe do consumo, mas perto do benefício. A conta fechava, mesmo com frete mais alto e lead time maior. Porque o incentivo compensava.
Mas agora essa conta vai mudar.
Com a Reforma Tributária aprovada, a lógica do jogo muda radicalmente. Os benefícios fiscais deixarão de ser uma vantagem competitiva fiscal. Os novos impostos (IBS + CBS) serão cobrados conforme o destino. Ou seja, onde o cliente está, não onde a fábrica está. O ICMS como a gente conhece vai sumir. Junto com ele, somem também os regimes especiais, o ICMS-ST, os benefícios estaduais e boa parte do planejamento tributário interestadual.
Empresas que estavam em regiões incentivadas do Norte, Nordeste ou Centro-Oeste, mas vendem majoritariamente para o Sudeste, vão precisar rever seus modelos. Porque quando o benefício fiscal perde valor, o frete vira vilão. E o concorrente que está em SP, mesmo pagando mais imposto hoje, pode se tornar mais competitivo amanhã.